Publicado lá fora pela primeira vez em 1971, Arte Africana, do antropólogo britânico Frank Willett (1925-2006), chega finalmente à livrarias brasileiras graças a uma parceria entre Edições Sesc e Imprensa Oficial. É uma grande introdução à arte do continente, apoiada na última revisão do autor. São inúmeras as virtudes desse “catecismo da escultura africana”, como definiu o livro o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva, mas a principal delas é o texto – simples, direto, destinado ao leitor não especializado. Em outras palavras: diferente de obras similares como as de Michel Leiris, dirigidas a iniciados.
O mérito de Willett é não sucumbir ao etnocentrismo que caracteriza parte da produção ensaística sobre o tema. Fala-se, claro, da influência da escultura africana na arte moderna europeia (Picasso e companhia), mas o que interessa é investigar como as migrações na África ajudaram a construir as feições da arte africana. Willett concorda com outros estudiosos que a maior contribuição que a África fez ao patrimônio cultural da humanidade foi sua escultura. Mas não só ela.