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Dez livros essenciais recomendados pela equipe do 'Aliás' em setembro

Publicações nacionais e estrangeiras estão entre as indicações do mês

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Por Redação
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A equipe do Aliás seleciona, na última edição de cada mês, dez obras publicadas recentemente no Brasil e em outros países para incluir em sua Estante. Confira as indicações de setembro:

O Papel Mata-Moscas e Outros Textos - Robert Musil (ed. Carambaia) Mais do que nunca, a leitura do escritor austríaco Robert Musil (1880-1942) é fundamental para entender a ascensão de regimes totalitários. Em O Papel Mata-moscas e Outros Textos, Musil, autor de O Homem Sem Qualidades, reúne textos de várias épocas, desde uma reflexão (de 1913) sobre o seu O Jovem Törless (1906) até o ensaio Sobre a Estupidez, publicado em 1937, o último lançado por Musil em vida, que trata do tempo das grandes ditaduras, marcado pela intolerância, mas serve como um alerta para os dias que correm, uma vez que o autor discorre sobre a brutalidade fascista sustentada pela classe média. /Antonio Gonçalves Filho

Os livros recomendados pela equipe do 'Aliás' em setembro Foto:

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Sobre o Estudo da Poesia Grega - F. Schlegel (ed. Iluminuras) Publicado em 1797, o livro Os Gregos e Romanos, do poeta e filósofo alemão Friedrich Schlegel (1772-1829) trazia nessa edição o ensaio Sobre o Estudo da Poesia Grega, agora traduzido por Constantino Luz de Medeiros. A visão de Schlegel sobre a poesia clássica aponta uma vantagem dos gregos sobre os modernos: eles conseguiam ser objetivos mesmo tratando de questões subjetivas. Schlegel usa a história da poesia grega para discutir sua adoção como modelo por seus contemporâneos, que, segundo sua concepção, não alcançavam seu objetivo em razão da fragmentação moderna. A culpa, diz Schlegel, não é da poesia grega, mas do método da imitação. /A.G.F.

Kafkianas - Elvira Vigna (ed. Todavia) Livro póstumo e inédito da escritora carioca Elvira Vigna (1947-2017), Kafkianas, como sugere o título, é uma homenagem ao escritor checo Franz Kafka (1883-1924). Nele, a autora de livros tão perturbadores como os de seu modelo (Nada a Dizer, por exemplo) reconta vinte contos de Kafka, ampliando a exploração da polifonia presente em A Um Passo, obra experimental e bastante fragmentada da escritora, que considerava esse romance seu melhor livro. Em capítulos curtos, cada personagem tentar contar a história do outro, mais ou menos como em Kafkianas, um painel dos absurdos da vida cotidiana que aproxima Vigna do universo de Kafka./A.G.F.

The Luck of Friendship - Peggy L. Fox e Thomas Keith (ed. Norton) A amizade entre o dramaturgo norte-americano Tennessee Williams e o editor James Laughlin, fundador da New Directions, foi um dos mais belos exemplos de troca intelectual e afetiva. No elogiado The Luck of Friendship, publicado pela Norton, os editores Peggy L. Fox e Thomas Keith examinam não apenas as cartas trocadas entre Williams e seu editor, que também publicou Ezra Pound e Henry Miller, entre outros. Laughlin, que não era gay, tornou-se confidente de Williams – sua “consciência literária”, como a ele se referia o dramaturgo. Uma consciência depressiva, mas extremamente fiel ao amigo, que o desaconselhou a publicar A Rosa Tatuada. /A.G.F.

Bigornas - Yasmin Nigri (ed. 34) É um caso de simbiose curioso o do conteúdo de Bigornas, livro da poeta carioca Yasmin Nigri, e sua capa, que reproduz uma foto da americana Francesca Woodman (1958-1981). Seus autorretratos, que fundem a figura humana desfocada e o ambiente têm muito a ver com o universo poético de Yasmin, também artista visual, que, nas quatro parte de Bigornas, evoca o suprematismo de Malevitch em chave literária, a linguagem cromática de Paul Klee associada ao tênue equilíbrio de um funâmbulo e o cinema de Béla Tarr e Bergman como refúgio de um mundo hostil. Como Woodman, Yasmin desafia seus pares com sua concisão. Uma estreia marcante. / A.G.F.

O Tempo, Esse Grande Escultor - Marguerite Yourcenar (ed. Nova Fronteira) A reedição pela Nova Fronteira de O Tempo, Esse Grande Escultor, pequeno grande livro de ensaios da francesa Marguerite Yourcenar, foi originalmente publicado em 1983, três anos depois de a escritora ser eleita a primeira mulher da Academia Francesa de Letras. Nele, a autora de Memórias de Adriano reúne ensaios de várias épocas, dos anos 1920, quando começou a carreira, até os anos 1980. Os temas variam de um sonho que Dürer teve em 1525, um drama cósmico pintado por ele, até reflexões sobre o budismo, passando por meditações sobre os direitos dos animais – um texto na linha de Coetzee – e a vida após a morte. Um encanto. /A.G.F.

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Todas as Crônicas - Clarice Lispector (ed. Rocco) Uma das penas mais pesadas da literatura brasileira, Clarice Lispector já teve seus contos reunidos em 2015 e as colunas femininas com dicas e conselhos às leitoras, sob pseudônimos como Tereza Quadros e Helen Palmer, compiladas neste ano. Agora, um novo catatau com 704 páginas é o compêndio definitivo das crônicas que a escritora publicou ao longo da vida na imprensa, com prefácio da também autora e sua amiga Marina Colassanti. Com 120 textos inéditos em livro, Todas as Crônicas permite apreciar a escrita moderna de Clarice em um registro não ficcional e se aprofundar em suas temáticas e seu olhar sobre o cotidiano no gênero literário nacional por excelência. / André Cáceres

Como Ganhar uma Eleição - Quintus Tullius Cicero (ed. Bazar do Tempo) Publicado no Brasil em um momento oportuno, esse manual político de 64 a.C. foi uma carta de Quintus Tullius Cicero – ainda há controvérsia a respeito da autoria do texto em si – para seu irmão, Marcus, que estava pleiteando uma posição como cônsul de Roma. Assim como A Arte da Guerra, de Sun Tzu, e O Príncipe, de Maquiavel, Como Ganhar uma Eleição oferece conselhos atemporais e nem sempre éticos para um aspirante à liderança. Cicero teve acesso à melhor educação da época, foi aprendiz de filósofos gregos e teve uma longa carreira política, mas, por não ser nobre, precisou lutar contra um sistema eleitoral que desestimulava o trânsito interclassista. / A.C.

O Gênio e a Deusa - Aldous Huxley (ed. Biblioteca Azul) Autor de um dos maiores clássicos da ficção científica do século 20 – a distopia Admirável Mundo Novo, de 1932 – e neto de um grande biólogo do século 19 – Thomas Huxley, um dos primeiros darwinistas –, Aldous Huxley transita com naturalidade pelos universos da ciência e da arte no erudito romance O Gênio e a Deusa. No livro, John Rivers, ex-pupilo de um físico laureado com o prêmio Nobel e autor de sua biografia oficial, relata a um amigo suas memórias como inquilino na casa do cientista, cercado pelo intelecto do mestre e o amor platônico por sua mulher. “O problema da ficção é que ela faz muito sentido. A realidade nunca faz sentido”, crava Rivers no início. / A.C.

Duas Vidas - Fabien Toulme (ed. Nemo) Do mesmo autor do emocionante Não Era Você Que Eu Esperava, Duas Vidas é uma graphic novel mais leve que aquela, mas que mantém visível a voz do autor francês Fabien Toulmé. Badouin é um jurista entediado com o trabalho, fã de rock n' roll (seu gato se chama Morrison, em homenagem ao vocalista do The Doors) e que descobre uma doença que o deixa à beira do abismo. O tom de suas escolhas dali para a frente podem contrastar com as cores vivas do novo álbum de Toulmé, um exercício lúdico que marca a carreira do autor. Curiosamente, ele tem uma ligação forte com o Brasil por conta de seu casamento com uma paraibana. / Guilherme Sobota

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