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Estante: dez livros essenciais recomendados pelo 'Aliás'

Coluna mensal do 'Aliás' traz recomendações literárias

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Por Redação
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Os 10 livros essenciais escolhidos em maio Foto:

LAST STORIES - WILLIAM TREVOR William Trevor escrevia contos e romances. Aclamado por ambos, foi a forma breve que o consagrou. O conto, afinal, é a arena do virtuoso – e temos como exemplos dois radicais suicidas, Stefan Zweig e David Foster Wallace, o primeiro atormentado com a Europa de Hitler; o último, pela América corporativa. Trevor correu por fora. Suas histórias não são contaminadas por princípios. Suas sentenças são escritas frequentemente na voz passiva, como em Last Stories. Trevor, nascido e educado na Irlanda, morreu na Inglaterra, aos 88 anos, em 2016. Outros escritores de sua idade preferiram se aposentar, como Philip Roth. Trevor, não. Preferiu desafiar. / Cynthia Ozick/NYT

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+++Relembre os dez livros recomendados pelo Aliás em abril

SOMETHING WONDERFUL - TODD S. PURDUM A certa altura dos anos 1950, a dupla Rodgers e Hammerstein transformou-se de um par de bons operários do teatro musical numa empresa de sucesso. Como esses autores abdicaram da condição de inovadores, fundadores do moderno musical americano, para ganhar dinheiro é a história que Todd S. Purdum conta no livro Something Wonderful: Rodgers and Hammerstein’s Broadway Revolution. Como o título sugere, Purdum concebeu sua obra como um fã e, embora não deixe de criticar a dupla criadora de musicais como South Pacific, Oklahoma! e Carousel, seu propósito não é o de questionar o legado da dupla, mas recriar o ambiente e atmosfera da época. / Jason Robert Brown/NYT

AVENIDA DOS MISTÉRIOS - JOHN IRVING Roteirista de um clássico do cinema, O Mundo Segundo Garp, e vencedor de um Oscar por Regras da Vida, John Irving, em seu romance ambientado entre o México e os EUA, segue a trajetória de outro escritor, Juan Diego, mexicano que passou a infância num lugar miserável, foi adotado por um casal gay e levado para os EUA. Muitos dos seus livros tratam de outsiders e questões de identidade, mas este, além de eleger um homem com problemas cardíacos e usuário de Viagra, faz desfilar uma série de personagens de um mundo que vai do sórdido – Diego, filho de pai desconhecido e de uma prostituta, foi criado num lixão – ao sublime.  / Antonio Gonçalves Filho

PAZ E GUERRA - RAYMOND ARON Filósofo e sociólogo francês, Raymond Aron (1905-1983) foi colega de escola de Sartre e conselheiro do ministro André Malraux. Apesar da meteórica passagem pela política, esta jamais o abandonou. Prova disso é o portentoso Paz e Guerra, que volta às livrarias numa bela edição da Martins Fontes. Nesse ensaio sobre a guerra, marcado pela influência do militar prussiano Clausewitz, autor de um tratado de referência no assunto, Raymond Aron fala dos dois principais conflitos do século 20, a primeira e segunda guerras mundiais, examinando a origem do espírito bélico entre as nações. Um clássico. / Antonio Gonçalves Filho

LES AVENTURES DE MAI - PATRICK RAMBAUD Rambaud reconta a revolta de maio de 1968, mas não de forma acadêmica, e sim como um romance, começando com a descrição de dois jovens que chegam ao centro da agitação num sábado e não precisam perguntar se Paris está em chamas. Conta a história de jovens que acompanharam a interdição do filme A Religiosa dois anos antes e acabavam de descobrir Aden, Arábia, de Nizan. Nem Corbière nem Portallier eram militantes, mas ficavam indignados com as reações do governo. Crônica das barricadas, Les Aventures de Mai, claro, não é uma obra de ficção, mas um alerta sobre o anseio de liberdade sufocado pelo conservadorismo. / Antonio Gonçalves Filho 

COM BORGES - ALBERTO MANGUEL O cargo de presidente da Biblioteca Nacional da Argentina é um posto de alto valor tanto simbólico quanto literário no país. Isso depois que um dos maiores escritores latinos de todos os tempos o assumiu: Jorge Luis Borges. Quando ficou cego, Borges tomou como aprendiz o então jovem escritor Alberto Manguel, que costumava ler para ele – Borges dizia se orgulhar mais das páginas que lera do que das que escrevera, e Manguel segue sua tradição de leitor voraz. Em Com Borges, o intelectual argentino, que sempre fora fiel ao escritor e, após sua morte, acabou por suceder o mestre, conta sua experiência ao lado deste. / Sérgio Medeiros 

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COMO SE REVOLTAR? - PATRICK BOUCHERON  Diferente da narrativa mais tradicional, de uma Idade Média estanque, Patrick Boucheron, no livro Como Se Revoltar?, observa os momentos de fissura. Ele mostra que houve muitas revoltas camponesas contra seus senhores. Ainda que não tenham se disseminado, atestam que a Idade Média não foi tão estável. Ele pensa sobre Robin Hood e sobre Ivanhoé, de Walter Scott, para mostrar que os próprios servos tentaram formar regiões autóctones. Ele tenta achar focos de expansão dos horizontes naquele tipo de sociedade medieval que consideramos mística e irracional para mostrar que havia germes de descontentamento e superação.  / Flávio Ricardo Vassoler 

A ACUSAÇÃO - BANDI As mais de 700 páginas do manuscrito original de A Acusação foram contrabandeadas pela fronteira com a China e a identidade de seu autor é desconhecida. A obra é composta por contos que denunciam a brutal realidade da Coreia do Norte. Como se não bastasse seu ineditismo, a prosa de Bandi é angustiante. Seja o filho que não tem permissão estatal para visitar a mãe no leito de morte, a mulher suspeita de espionagem por usar cortinas de cor diferente em sua casa ou sujeito classificado como hostil pelo Partido porque seu pai havia estragado sementes de arroz por acidente, seus personagens sempre se veem subjugados por um Estado onipresente que os oprime. / André Cáceres 

ELZA, A GAROTA - SÉRGIO RODRIGUES Namorada do secretário-geral do Partido Comunista nos anos 1930, Elza Fernandes foi assassinada após ser acusada de traição por membros do grupo. Neste romance, que ganha nova edição, o jornalista Sérgio Rodrigues lança mão da ficção para preencher lacunas do caso – até hoje, a identidade da garota cujo assassinato chocou o País é pouco conhecida. Vencedor do Prêmio Portugal Telecom 2014 com O Drible, o autor apresenta Molina, escritor contratado por um velho militante para produzir um livro sobre Elza e a Intentona Comunista. As memórias do homem dão pistas sobre o episódio e detalham a turbulência política que marcou a Era Vargas. / Júlia Corrêa 

POPOL VUH Reedição com os dísticos originais da bíblia maia, Popol Vuh volta com organização de Sérgio Medeiros e Gordon Brotherston. O texto original do século 16, em maia-quiché, foi integralmente traduzido, ao contrário das edições inglesa e espanhola. A cosmogonia do continente americano é composta por mais de 8 mil versos e narra a formação do planeta, a criação do homem e sua evolução. Impressiona como o saber indígena anteviu não só o desastre da conquista espanhola como o conflito com os antípodas. O livro traz ainda um guia de pronúncia das palavras em maia-quiché, além de ensaios sobre o poema épico. / Antonio Gonçalves Filho 

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