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Nova coluna do 'Aliás' destaca livros essenciais de cada mês

A partir desta edição e no último domingo do mês o ‘Aliás’ publica uma lista de 10 livros selecionados entre os títulos recém-lançados pelas editoras

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Com mais de 50 mil títulos lançados anualmente pelas editoras brasileiras é uma tarefa quase impossível elaborar uma lista mensal dos melhores livros. Desse modo, o caderno Aliás vai publicar, no último domingo de cada mês, a partir desta edição, uma lista não dos 10 melhores, mas de 10 títulos essenciais que as editoras colocam nas livrarias.

As capas dos dez livros essenciais de abril selecionados pelo 'Aliás' Foto:

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O primeiro Painel de Vendas de Livros no Brasil de 2018 mostrou um crescimento de 14% no faturamento em relação ao mesmo período do ano passado, o primeiro resultado positivo desde 2013, o que é animador e tem reflexo imediato na produção editorial. Novos autores brasileiros são publicados e coleções ambiciosas são lançadas. Obras completas de escritores que fazem parte da história literária, como Albert Camus (1930-1960) e o veterano George Steiner, que completou 89 anos este mês, são relançadas.

Editoras apostam em nomes pouco conhecidos do leitor brasileiro, entre eles o romeno Panaït Istatri ( 1884-1935) e a atriz de origem alemã Anne Wiazemsky (1947-2017), que fez filmes importantes ao lado de cineastas como Bresson, Godard e Pasolini e escreveu um livro valioso sobre o conturbado ano de 1968.

A lista traz títulos publicados este mês por editoras brasileiras e estrangeiras em áreas cobertas por nossos colaboradores (literatura, cinema, teatro, música, artes visuais). Alguns estavam fora de catálogo, como A Experiência do Cinema, do professor Ismail Xavier. Outros ganham sua primeira edição, como a biografia do crítico inglês Kenneth Clark . Na área de ficção destacam-se dois títulos: Uniões, do austríaco Robert Musil (1880-1942) e As Luas de Júpiter, da canadense Alice Munro, Nobel de 2013.

O HOMEM QUE PLANTAVA ÁRVORES Autor: Jean Giono Editora: 34 R$ 49

O francês Jean Giono (1895-1970) ainda é um nome pouco conhecido no Brasil, mas escreveu este livro maravilhoso que, em 1988, foi adaptado para o cinema por Frédéric Back e ganhou o Oscar de melhor curta de animação. A história se passa no sul da França, onde um rapaz, caminhando por uma região desértica, avista um silencioso pastor de ovelhas que semeia árvores e sacia sua sede. A vida se renova no lugar graças a essa intervenção, mas ninguém sabe quem a provocou. A fábula é um dos pontos altos da carreira literária de Giono, autor ainda de dois ciclos de romances e ensaios históricos nos anos 1960, como Le Désastre de Pavie.

A EXPERIÊNCIA DO CINEMA Autor: Ismail Xavier Editora: Paz e Terra R$ 64,90

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Livro essencial na formação de qualquer cinéfilo, A Experiência do Cinema, do professor, crítico e historiador Ismail Xavier, é um extenso painel da história do cinema, das origens até a década de 1980, apresentando ao leitor as teorias essenciais, de Pudovkin a Merleau-Ponty, passando por Eisenstein e André Bazin. Elas contemplam desde a tradição formativa até a teoria contemporânea consagrada pelos franceses, sempre sob a inspiração do filósofo Walter Benjamin. A Experiência do Cinema tem um diálogo estreito com outro livro do autor, O Discurso Cinematográfico, denso, mas acessível. A nova edição reúne textos de críticos, filósofos e cineastas estrangeiros.

KYRA KYRALINA Autor: Panaït Istrati Editora: Carambaia R$ 74,90

O escritor romeno Panaït Istatri (1884-1935), apelidado pelo Nobel francês Romain Rolland de ‘Górki dos Balcãs’, publicou, em 1923, o romance de viagem Kyra Kyralina, sobre o vagabundo errante Stavro, que vive de pequenos bicos e tem sua vida narrada por Adrien Zograffi, alter-ego do autor. O livro acompanha a saga de Stavro para reencontrar a irmã Kyra, de quem foi separado de forma traumática por ação do rigoroso pai, que comanda com mão de ferro a casa, enquanto as irmãs e a mãe de Stavro o tratam com todos os mimos. O livro é o primeiro a ser protagonizado por Zograffi. O autor virou um fenômeno literário nos anos 1920.

UM ANO DEPOIS Autora: Anne Wiazemsky Editora: Todavia R$ 32,90

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 A alemã Anne Wiazemsky (1947-2017) foi atriz em vários clássicos do cinema, tendo atuado sob a direção de Bresson (A Grande Testemunha) e Pasolini (Teorema). Ex-mulher do cineasta Jean-Luc Godard, um dos grandes nomes da nouvelle vague francesa, Wiazemsky trabalhou com ele no polêmico e premonitório A Chinesa, rodado em 1967, um ano antes da revolta estudantil de maio de 1968 na França, justamente o ano a que se refere o título de seu livro. Nele, a atriz conta sua atribulada experiência ao lado de Godard no Quartier Latin, ao lado da Sorbonne, universidade que estava no centro dos conflitos de maio de 1968.  

O TEATRO DO ABSURDO Autor: Martin Esslin Editora: Zahar R$ 79,90

 Beckett, Ionesco e Harold Pinter são três dos autores analisados pelo tradutor e crítico húngaro Martin Esslin (1918-2002) no essencial Teatro do Absurdo, agora revisto e ampliado. O termo foi cunhado pelo próprio Esslin para definir o grupo de dramaturgos que se afastaram da linguagem naturalista e se aproximaram do existencialismo em suas peças. Esslin, que trocou a Hungria pela Inglaterra durante a ascensão do nazismo, foi próximo de alguns desses autores e analisa em seu livro peças que passaram à história do teatro moderno, como Esperando Godot, de Beckett, e A Cantora Careca, de Ionesco. A tradução é da crítica Bárbara Heliodora.

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TRIO PAGÃO Autor: Sérgio Medeiros Editora: Iluminuras R$ 49

O poeta Sérgio Medeiros é também um antropólogo com ensaios em sua área, entre eles o livro O Dono dos Sonhos. Agora, ele volta a explorar as crenças indígenas em um dos três textos que tratam do trânsito entre a expressão gráfica e a verbal. Nele, Medeiros retoma uma narrativa do índio xavante Jerônimo Tsawé registrada numa folha coberta de linhas sinuosas, que o antropólogo se propõe a interpretar no livro Trio Pagão. Em outra proposta, ele aborda um personagem inventado pelo irlandês James Joyce em seu Ulisses, um músico português chamado Enrique Flor. Na terceira proposta, o poeta conta a história de uma ninfa que envelhece com os rios.

MOZART IN VIENNA Autor: Simon P. Keefe Editora: Cambridge Univestity Press US$ 44,99

 Concentrado na atuação de Mozart como intérprete, o livro Mozart in Vienna: The Final Decade trata do último período da vida do compositor austríaco – mais especificamente, de 1781 a 1791. Mozart, aos 22 anos, foi para Paris com a mãe, deixando o pai em Salzburgo. Lá, ele demonstrou sua técnica em salões da nobreza francesa, que esnobou o músico. Porém, sempre aparecia um duque ou outro disposto a prestar atenção no tecladista, frustrado diante de uma plateia rude e pouco atenta. O livro mostra como a situação muda na década final do músico, que integra composição e interpretação num único corpo antes de morrer precocemente, aos 35 anos.

KENNETH CLARK Autor: James Stourton Editora: Knopf/Vintage US$ 35

O inglês Kenneth Clark (1903-1983) foi o mais festejado historiador de arte até 1980, quando as universidades descobriram uma fórmula para tratar do assunto de modo diverso desse respeitado acadêmico, ao incorporar teses sociológicas. Rico e inteligente, Kenneth Clark era visto com desconfiança por colegas, justamente por facilitar a vida dos não especialistas. Seu objetivo ao escrever sobre arte era justamente traduzir para o público leigo seus insights sobre os artistas, tendo como fonte de inspiração o grande John Ruskin. O livro de James Stourton, uma biografia, além de arte, trata da vida amorosa de Kenneth Clark, que adorava as mulheres.

AS LUAS DE JÚPITER Autora: Alice Munro Editora: Biblioteca Azul R$ 49,90

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A canadense Alice Munro, que ganhou o Nobel de Literatura em 2013, é certamente a melhor contista do continente americano desde Flannery O’Connor, sendo com justiça comparada a Chekhov. Em seu livro de contos As Luas de Júpiter, Munro fala de mulheres fortes, vistas como frágeis por outras pessoas, e de suas relações com maridos traidores. Um deles deixa a família para ficar com a amante. Outro olha com indiferença para o corpo da mulher, já não tão atraente como na juventude. As Luas de Júpiter reúne 12 contos de extrema sensibilidade, escritos por uma mulher sintonizada com sua época e que teve obras adaptadas para o cinema.

UNIÕES Autor: Robert Musil Editora: Perspectiva R$ 54

Duas histórias do escritor austríaco Robert Musil (1880-1941), autor do clássico O Homem Sem Qualidades, compõem o livro Uniões: A Perfeição do Amor e A Tentação da Quieta Verônica. Ambas as narrativas lidam com a experiência existencial de mulheres com precoces fantasias eróticas. Musil foi influenciado pela literatura de Dostoievski e marcou muitos outros escritores contemporâneos, entre eles Milan Kundera e Clarice Lispector, que retrabalharam a abordagem sutil do mundo feminino pelo austríaco e sua visão crítica da sociedade europeia. Thomas Mann considerava O Homem Sem Qualidades uma verdadeira epifania literária.

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