O que pensam os especialistas

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Por Redação
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''''Sim, desde que se enquadrem em um grupo partidário'''' JOSÉ PAULO MARTINS JÚNIOR, PESQUISADOR DO DEPTº. DE CIÊNCIA POLÍTICA DA USP As celebridades têm direito de participar das decisões políticas como qualquer cidadão. Acho saudável que, por exemplo, um jogador de futebol seja candidato e defenda a bandeira do esporte, desde que isso passe por um canal partidário. Embora as legendas atuais sejam fluidas ideologicamente - e na prática existam poucas diferenças entre PT, PSDB, PMDB e PFL -, é importante que essa celebridade se enquadre em um grupo partidário, assuma uma postura. O que não pode acontecer são casos como o do deputado Clodovil, que foi eleito por um partido nanico e depois migrou para a base de sustentação do governo. O ideal seria fortalecer os partidos e que essas celebridades procurassem aqueles com os quais se identificam. Também é preciso criar critérios mais fortes de vinculação, como exigir um tempo mínimo de filiação antes de poder se candidatar. O financiamento público de campanha, por outro lado, pode evitar que o famoso use seu próprio dinheiro na campanha - ou atraia dinheiro de grandes empresas - tendo interesses particulares por trás. ''''Candidatos sem compromisso com o interesse público não aprovo'''' RUI TAVARES MALUF, DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA E PROFESSOR DA FESP A pergunta enseja ao menos duas respostas: o caráter ético dessa iniciativa e o resultado prático para os partidos que recrutam tais celebridades na expectativa de melhor desempenho eleitoral. Considerando que há gente que forja sua fama em cima de temas de interesse público, acho aceitável que se candidate. Sou contra a candidatura daquelas pessoas cuja fama foi construída em atividades absolutamente fora das questões de natureza pública e jamais tiveram posição ou compromisso nessa área, especialmente para cargos executivos. Quanto mais impopular a classe política, maior sua inclinação a buscar essas celebridades. A respeito do resultado prático para o partido, isso dependerá da combinação de vários fatores, como força eleitoral da sigla, o número e perfil de representantes que buscam a reeleição, e o compromisso com idéias e programas. Se houver tal congruência, a fórmula poderá ser exitosa, evitando o que ocorreu com o PC do B em São Paulo nas eleições de 2004 quando o ex-jogador Ademir da Guia foi o único a ser eleito, ainda que nem o cadarço de sua chuteira fosse comunista.

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