Os dez livros essenciais recomendados pelo 'Aliás' em junho

Lançamentos nacionais e internacionais integram as indicações da equipe

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Por Redação
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A equipe do Aliás seleciona, na última edição de cada mês, dez obras publicadas recentemente no Brasil e em outros países. Confira as indicações de junho:

Livros selecionados pela equipe do Aliás em junho Foto:

A Única História - Julian Barnes (Rocco) O inglês Julian Barnes, vencedor do Man Booker Prize de 2011 com O Sentido de um Fim, trata no recente A Única História de um caso amoroso entre um rapaz de 19 anos e uma mulher casada, quase 30 anos mais velha e mãe de duas filhas adultas. A história se passa nos anos 1960, época da Revolução Sexual, mas o amor de Paul e Susan, que dura mais de uma década, não libera nenhum dos dois. Desafiando uma sociedade conservadora, eles são expulsos do clube de tênis que frequentam. Esse relacionamento é contado por Paul, já maduro, que tenta reconstruir os momentos que passou junto a Susan e refletir sobre eles.  / Antonio Gonçalves Filho

American Sonnets for My Past and Future - Terrance Hayes (Penguin)O novo livro de Terrance Hayes, que ganhou o National Book Award de 2010 por Lighthead, é uma das primeiras obras poéticas a criticar diretamente a presidência de Donald Trump. Mas American Sonnets for My Past and Future Assassin não é bom só por isso. Entre seus 70 poemas, escritos após as eleições de 2016, é possível encontrar referência diretas a Trump (como em Mister Trumpet), mas há outros em que explora as próprias obsessões: a prisão da masculinidade, o abismo entre pais e filhos e, principalmente, o corpo, identificado de tal modo ao soneto que, a exemplo da forma literária, insiste na “volta”, numa súbita mudança. / Parul Sehgal/The New York Times 

Mon Frère - Daniel Pennac (Gallimard) Escritor e roteirista, Daniel Pennac viveu sua infância e juventude numa família disfuncional e agora fala dela em Mon Frère, dedicado ao balanço de sua relação com o irmão mais velho, Bernard, de quem foi bastante ín timo e que desapareceu de sua vida. Daniel era o “burro”, que tinha dificuldade com as letras (e depois virou escritor). O irmão Bernard era o “gênio”, o preferido da mãe. Daniel o compara a Bartleby, o escrivão de Herman Melville que preferia dizer não a qualquer sugestão de seu empregador. Bartleby é uma obsessão de Pennac (ele interpretou o personagem no teatro e escreveu o roteiro de um filme baseado no livro)./ Alexis Brocas 

A Balada do Cálamo - Atiq Raimi (Estação Liberdade)  Numa época de trágicas migrações, uma narrativa autobiográfica como A Balada do Cálamo ilumina a condição de pessoas obrigadas a deixar a terra natal para tentar a sorte em outro continente. Atiq Raimi, premiado autor e cineasta (Terra e Cinzas) conta sua infância em Cabul, onde testemunhou a prisão e a tortura do pai, sua fuga para a Índia e, finalmente, o asilo cultural na França, onde fez uma respeitada carreira. Reflexão sobre sua condição de exilado, o livro mistura suas memórias com observações sobre o fazer artístico e a escrita, reservando espaço para referências à literatura francesa contemporânea, à poesia sufi e aos textos védicos. /A.G.F.

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O Bosque das Ilusões Perdidas - Alain-Fournier (Grua) Um clássico, O Bosque das Ilusões Perdidas, do francês Alain-Fournier, foi originalmente publicado em 1913, um ano antes da morte do autor na 1.ª Guerra. O narrador do livro, François Seurel, é filho do diretor de uma escola numa aldeia. Ele elege como amigo seu colega Augustin Meaulnes, pobre adolescente que se perde num bosque, adormece e, ao despertar, se vê entre pessoas alegres e fantasiadas num castelo. Ele relata a história ao amigo e sua paixão pela garota Yvonne de Galais. O livro ganhou nova tradução do escritor Bernardo Ajzenberg, também autor do posfácio. Ele classifica o romance como uma narrativa que antecipa a literatura surrealista. /A.G.F.

A Chuva Imóvel - Campos de Carvalho (Autêntica)  Após dois livros renegados e ainda inéditos – Tribo e Banda Forra –, Walter Campos de Carvalho produziu, entre 1956 e 1964, quatro novelas consideradas obras de referência do surrealismo brasileiro – A Lua Vem da Ásia, Vaca de Nariz Sutil, A Chuva Imóvel e O Púcaro Búlgaro. E não escreveu mais até sua morte, em 1999. Mineiro de Uberlândia e recluso, Campos de Carvalho ainda é pouco conhecido pelo público, mas cultuado por escritores como Jorge Amado, Marcelino Freire, Nelson de Oliveira e Antonio Prata. A Chuva Imóvel reproduz seu estilo, que mescla uma profunda e alucinada melancolia ao humor nonsense excêntrico que faria inveja aos melhores autores de new weird. / André Cáceres

Ninguém Precisa Acreditar em Mim - Juan Pablo Villalobos (Companhia das Letras) Vencedor do prêmio Herralde de Novela em 2016, o novo livro do escritor mexicano Juan Pablo Villalobos é uma boa porta de entrada para a obra do autor, pois carrega nas principais características de sua prosa: o humor escrachado, a trama absurda e o ritmo ágil de leitura. Misturando formas e estilos narrativos distintos, do discurso indireto livre à carta, da piada clássica de bar à tradicional ação em terceira pessoa, Ninguém Precisa Acreditar em Mim conta a história de um estudante mexicano que pretende partir para a Espanha a fim de pesquisar o humor na literatura latino-americana, mas acaba se envolvendo com os negócios escusos de seu primo. /A.C.

A Máquina do Tempo - H.G. Wells (Suma) Personagens literários que se deslocam pelo tempo já haviam sido explorados por Charles Dickens, Mark Twain e até pelo próprio H.G. Wells ao longo do século 19, mas o livro que cravou no imaginário popular o conceito de viagem temporal por métodos mecânicos foi A Máquina do Tempo, publicado em 1895, e que explora também o fim da raça humana por uma via não apocalíptica. Nesse livro, um cientista viaja para o longínquo ano de 802.701, e descobre que a humanidade se dividiu em duas espécies, os doces Eloi e os macabros Morlock. A edição da Suma tem tradução, prefácio e notas de Bráulio Tavares, um dos maiores nomes da ficção científica brasileira. /A.C

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O Riso - Henri Bergson (Edipro) Publicado em 1900, o ensaio O Riso, do ganhador do prêmio Nobel de Literatura de 1927 Henri Bergson, parece cada vez mais atual. No livro, o filósofo e diplomata francês reúne três artigos que analisam os significados ocultos por trás de uma das mais naturais reações humanas. Para Bergson, o cômico é indissociável do perverso e, portanto, a risada tem uma característica sádica. Como fenômeno social, é uma forma de coerção para que as pessoas se adequem a determinadas normas comportamentais. Desde seu lançamento original, com as discussões sobre bullying, psicologia social e aceitação do próprio corpo, o livro de Bergson apenas ganhou em relevância. /A.C.

Cosmos - Michel Onfray (Martins Fontes) O filósofo francês Michel Onfray é uma figura conhecida no meio acadêmico por suas obras colossais. A maior delas é a série Contra-História da Filosofia, que conta com seis volumes e mais de 2 mil páginas, e basicamente repassa a história do pensamento pelas vias alternativas do hedonismo, epicurismo e ateísmo. Esses três elementos são fundamentais para Cosmos: Uma Ontologia Materialista, seu novo livro. Com um misto de autobiografia e ensaio, Onfray parte da morte de seu pai para compreender o mundo e a natureza por meio de uma ótica quase enciclopédica que reúne ciência, filosofia, religião e diversas áreas do conhecimento. /A.C.

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