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Pobres 'novos-ricos' chegam à classe média empobrecida

Por Tutty Vasques
Atualização:

O pior é que não dá nem para gastar por conta em consultórios de psicanálise. Imagina só a cabeça do sujeito que dormiu na terça-feira pobre e, dia seguinte, acordou classe média nas manchetes de jornal, com os mesmos R$ 1.064 (piso salarial da classe C) no maldito contracheque de sempre. O upgrade social concedido por decreto de estudos do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e da Fundação Getúlio Vargas instituiu na consciência popular a luta de classes de foro íntimo e fundo esquizofrênico perdido. O "eu" pobre em conflito com o "eu" classe média, entende? Um certo sentimento de traição se abateu sobre quem mudou de classe sem deixar um instante sequer de ser maioria, uma vez que ascendeu com parcela suficiente de trabalhadores para derrubar a supremacia miserável, à qual pertencia de berço. Continua vivendo à míngua, mas não pode mais ser chamado tecnicamente de pobre. É agora parte de uma fatia de 51,89% da população economicamente ativa do País com chances de, na pior das hipóteses, desempenhar o papel de pobre metido a besta, cheio de crediários, conta no cabeleireiro e automóvel para lustrar nas manhãs de sábado. No fundo, no fundo, esse é um tipo que, se ainda não faz, fará qualquer coisa para humilhar o vizinho estatisticamente pobre. Pode estar surgindo por aí, no rastro desses estudos socioeconômicos, uma espécie de "novo-rico" dos pobres. "Argh!" - reage à necessidade de convivência quem está nessa pindaíba moral há mais tempo, na contramão da ascensão que se anuncia. Dizem que, pior que a pobreza em si, só a classe média fora de si. Na fronteira entre uma coisa e outra, derrubou-se essa semana o muro que separava a classe média empobrecida dos pobres emergentes das estatísticas oficiais. Isto quer dizer o seguinte: nada, absolutamente nada! A não ser que é iminente o risco de estranhas manifestações em série de caráter psicológico nessa faixa de comportamento social, fenômeno que melhor seria resolver em divãs, mas cadê grana pra isso? Frank pirata Comentário de um camelô de CDs com banca montada diante de um cartaz do show de Frank Sinatra Jr.: "Parece cópia pirata do pai!" Que família é essa? Esquartejador da jovem inglesa assassinada em Goiânia, Mohammed D?Ali tem um irmão chamado Bruce Lee. Precisa ouvir o que o pai desses rapazes têm a dizer a respeito. Aos prantos Pelo jeito como Lucília Diniz chorava no evento convocado para anunciar a parceria de sua marca de produtos light com a Nestlé, tá na cara que aí tem! Só se fala disso no grupo Pão de Açúcar. Cara de um... Essa história de que Britney Spears fará papel de stripper lésbica e assassina no próximo filme de Quentin Tarantino, francamente, parece coisa orquestrada pela campanha agressiva do republicano John McCain. Desse jeito, ela vai acabar ficando mesmo igualzinha a Barack Obama. Transformistas Protógenes Queiroz, que, de terno, já havia se transformado em outra pessoa, sem cavanhaque virou uma terceira. O delegado é tão bom em composição de personagens quanto o ator Robert De Niro e o ex-líder servo bósnio Radovan Karadzic.

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