Eduardo Suplicy: V. Exa., um aparte?José Sarney: Muito obrigado!
Não sei se vocês repararam no finalzinho (acima destacado) do já célebre último discurso de José Sarney, mas a conversa de doido que há meses se insinua no Congresso poderia ter atingido ali um momento de clímax não fosse o probleminha de audição - ou de atenção - do presidente do Senado. Em vez de conceder a palavra requerida em caráter solidário, Sarney deu as costas ao pedido de pitaco do nobre colega, cruzou os microfones na tribuna e saiu falando sozinho pelo plenário.
A história agora talvez fosse outra se um hipotético aparte concedido ao experiente Suplicy ajudasse o aliado maranhense a desenvolver melhor essa retórica de hospício que ensaiou em frases como "essa crise não é minha" ou "eu não sei o que é ato secreto, ninguém aqui sabe o que é ato secreto". Seu discurso lembrava um pouco o de Tarso, o jovem esquizofrênico de Caminho das Índias. Não vem ao caso aqui discutir se José Sarney está gagá, lelé ou tantã, mas não se deve, a exemplo da trama da novela das 8, ignorar a maluquice do personagem.
Suplicy não teve chance de dizer que entendia os pensamentos confusos de seu companheiro de base aliada do governo, mas é fundamental que algum familiar - de preferência alguém que não trabalhe no Senado - perceba que o ente querido está variando. O que não é nenhuma vergonha para a biografia de ninguém. Muito pelo contrário, interditar o velho a esta altura do campeonato pode absolvê-lo de tudo o mais que sugere seu impeachment político.
Ainda que alguma dúvida no diagnóstico psicológico do senador tenha sobrevivido ao vazio dos argumentos que apresentou em defesa própria na última terça-feira, depois que ele chamou o Romeu Tuma de Nicolau, francamente, melhor insistir no ponto crucial levantado por Eduardo Suplicy:
"V. Exa., um aparte?"
Ele vai nos agradecer por isso pelo resto da vida.
Sucessor natural
Júnior Baiano vai disputar o Campeonato Amapaense de futebol pelo não menos glorioso Macapá. Tem tudo para dar certo! Se resolver amanhã pendurar as chuteiras, pode até concorrer a uma vaga no Senado.
Barbada
Quem articula a candidatura Ciro Gomes à sucessão do governador José Serra encomendou pesquisa com a seguinte pergunta ao eleitor paulista: "Você gostaria que SP tivesse uma primeira-dama como a Patrícia Pillar?"
Fim do mundo
Recém-saída de um programa de calouros na TV britânica, a cantora Susan Boyle está cobrando R$ 370 mil para se apresentar em evento corporativo. É mais ou menos o preço de uma palestra do Al Gore.
Ele merece!
Depois de Mahmoud Ahmadinejad e José Sarney, Lula deve sair hora dessas em defesa de Vanderlei Luxemburgo no Parque Antártica. O técnico, convenhamos, também nunca foi uma pessoa comum para ser tratado como tal.
Preconceito
Entre os argumentos dos que defendem a mudança da Parada Gay para outro local, essa história de dizer que a Av. Paulista é heterossexual, francamente, não tem nada a ver.
Ingratidão
Bob Dylan elogiou Elis Regina em seu programa de rádio virtual. Podia ter mandado ao menos um alô pro senador Eduardo Suplicy, né não?
Tendência
Depois de garantir espaço a modelos negras e indígenas, a SPFW 2010 pode ter uma cota para gordas. As feias devem ter que esperar até 2011.
Escândalo novo
Corre no Congresso o que seria um dossiê com os "atos secretos" da senadora Ideli Salvatti. Cada um mais cabeludo que o outro, dizem!
Poste tucano
Aloysio Nunes Ferreira, secretário da Casa Civil de SP, já é conhecido como a ?Dilma do Zé Serra?. O governador sonha fazê-lo seu sucessor!