Todo dia é 11 de Setembro

Ambulatório da notícia - Unidade de tratamento para quem sai mal na foto

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Por Tutty Vasques
Atualização:

Os jornais anunciaram que o 11 de Setembro este ano caiu no dia 15, junto com o Lehman Brothers, mas isso foi o de menos em matéria de maluquice no calendário de 2008. A rigor, toda essa quebradeira de agora nos EUA estava programada para acontecer em 2009, como parte dos eventos comemorativos dos 80 Anos da Grande Depressão, o Big Crash de 1929 em Nova York. De repente, tudo se precipitou, salvo engano logo depois da invasão por um grupo de hackers aos computadores do tal super acelerador de partículas que vai recriar o Big Bang. Não se pode afirmar que uma coisa tenha a ver com a outra, mas - e daí? - nada tem a ver com nada quando o mercado entra em colapso e a imprensa cogita para qualquer momento o fim do mundo financeiro. Nessas horas, se alguém diz que o universo está prestes a ser sugado por força gravitacional para um buraco negro em Wall Street, quem tem dinheiro na bolsa se atira pra ver se salva o seu. E aí, meu amigo, é um 11 de Setembro atrás do outro. Tomara que esse clima de pânico generalizado não atrapalhe a efeméride das oito décadas desde o primeiro solavanco assustador no trem fantasma do capitalismo. Wall Street faturaria mais que a Disney World com visitas guiadas às salas dos principais executivos da última quebradeira, venda de souvenir com a logomarca dos gigantes falidos e a inauguração de um mega bingo no pregão da Bolsa de Valores de Nova York. Como nesses modernos parques de diversão, haveria simuladores para tudo: da sensação horrível de perder dinheiro ao alívio da injeção de liquidez, o público experimentaria aventuras como a da fuga de capitais dos mercados emergentes, no melhor estilo Indiana Jones. O turismo na cidade gravitaria em torno dos monumentais fracassos operacionais na meca do sistema financeiro internacional. Era isso, pelo menos, o que estava previsto para 2009 antes da semana que passou - agora, ninguém sabe mais o que vai acontecer amanhã. O Brasil, garantiu o ministro Guido Mantega na terça, vai seguir o calendário direitinho: "Se houver crise, só ano que vem." Se houver 2009, a Grande Depressão terá de dividir espaço com uma série de festividades e workshops bem animados que estão sendo preparados em todo o mundo para marcar a passagem dos 40 anos de 69. Em compensação, pelo menos aqui no Brasil, tudo indica que o próximo verão será cancelado. A estação teria sido antecipada para o inverno que, a rigor, coube nesta última semana fria, com temperaturas em queda de fazer inveja a muito pregão por aí. Pode ser até que retardem a primavera, que começa oficialmente amanhã, por mais uma ou duas semanas de frio na espinha. Ninguém liga mais para a formalidade dos tempos. Este ano, teve festa junina em agosto, o mês das noivas - Sandy e Juliana Paes - caiu em setembro, a temporada de furacões lá pra cima parece ter combinado com o Fed entrar em recesso durante o vendaval que arrastou o mundo para o colapso no 11 de Setembro de segunda passada, dia 15. Nada de pânico, por favor! Dizem que o bacalhau, o vinho e a castanha vão subir de preço, mas isso também é indício de que vai mesmo haver Natal em dezembro. Fiquem atentos porque eles podem antecipar a data da ceia a qualquer momento. Elas no poder Há algo de novo na política de Israel. Tzipi Livni não será a primeira mulher a assumir o cargo de premiê israelense, mas Golda Meir não era loura. Quem sabe não é isso que falta ao entendimento no Oriente Médio? Tzipi não é uma loura qualquer. Ex-agente da Mossad - a Abin israelense -, tem pedigree de filme de 007. Se conseguir a paz com os palestinos, dará um passo importante para a preservação da espécie, pelo menos fora do SBT. Na emissora de Silvio Santos, como se sabe, as louras perdem cada vez mais espaço. Puro preconceito! Ele odeia os EUA Hugo Chávez radicalizou. Depois de expulsar do país o embaixador americano e o diretor da super ONG Human Rights Watch, o presidente da Venezuela ameaça agora jogar no lixo toda sua coleção de LPs de Frank Sinatra. Os discos de Elvis Presley ele quebrou, um a um, na semana passada. Alegria, alegria Quem ainda não entendeu exatamente o significado da expressão "pinto no lixo" - imortalizada pelo saudoso Jamelão para definir o estado de espírito de Bill Clinton na visita à Mangueira, em 1997 - pode muito bem imaginar como o presidente Lula se sentia ao esculhambar o sistema financeiro internacional na inauguração da plataforma P-53, da Petrobrás, no Porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. Pinto no lixo é aquilo, sem tirar nem pôr!

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