Uma senhora batuta

Porque a lição que vale é a seguinte: não existe música clássica ruim, você é que estudou pouco

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Por Christian Carvalho da Cruz
Atualização:

.A BOA AULA COM... | Gaetana di RiccoA mais exigente e presente fã da Osesp

 

 

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Me chamam de Caetana. Mas meu nome é Gaetana. Com G. Gaetana Maria Jovino di Ricco. Raramente acertam, não me importo mais. Dizem que sou a fã número 1 da Osesp, a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo. Nisso não erram. Sou, com muito orgulho. A acompanho há dez anos, duas vezes por semana no mínimo. Hoje vem em casa um repórter que quer saber mais dessa minha paixão. Se perguntar o que penso das mudanças na direção da orquestra, vou dizer. Estou com 77 anos, aposentada, viúva, dirijo minha vida. Não devo nada a ninguém. As mudanças foram dramáticas. Tínhamos um maestro que era a nossa alma (quando digo "nossa" me refiro à orquestra, pois me sinto parte), o John Neschling. Sei que no final ele extrapolou, andava desrespeitoso. O vi mais de uma vez gritar com os músicos como se fossem empregadas domésticas: "Vá afinar o seu instrumento! Vá já!" A mulher devia ter cuidado mais dele. Ninguém o levou a uma clínica, nada. E o Neschling não era assim. Foi o Conselho da Fundação Osesp que o tirou do prumo, porque ali ninguém entende patavina de música. O Fernando Henrique Cardoso, que preside o Conselho, sempre aplaude entre os movimentos. Palmas somente no final, isso é tão básico... Paciência. O Neschling perdeu o emprego e nós perdemos muito mais. Tínhamos uma tempestade na regência. Ficamos com a calmaria de um lago francês na montanha, o Yan Pascal Tortelier. Bom regente, mas não é um appassionato. Jamais foi ao cafezinho falar conosco.

 

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