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Vida e morte na rua

Eliminar albergues e cracolândias não garante a segurança pública nem os direitos dos desabrigados

Por Ivan Marsiglia
Atualização:

Em 2001, o estudante baiano Daniel De Lucca Reis Costa viveu uma experiência dramática, que sintetiza a contradição que marca o seu objeto de estudo. Durante a pesquisa de campo para um trabalho sobre os moradores de rua, ele viu uma arma ser apontada para a sua cabeça por um "noia", um jovem drogado de crack, no bairro do Glicério, região central de São Paulo. Ele conta que, ainda inexperiente, travou - e não conseguia entender o palavreado recheado de gírias do assaltante. Chegou a achar que ia morrer, até a chegada de Miguel, um amigo sem-teto que fizera ao longo do trabalho. Foi ele quem fez a mediação, acalmou o rapaz e salvou-lhe a vida. Anos depois, o pesquisador recebeu a notícia de que seu salvador "morreu de rua", no vocabulário sintomático desse universo: de frio e doenças. E dedicou a ele a dissertação de mestrado sobre o mesmo tema, que apresentou ao departamento de antropologia da Universidade de São Paulo. A Rua em Movimento: Experiências Urbanas e Jogos Sociais em torno da População de Rua (2007) discute as relações entre atores sociais, discursos e instituições situadas no centro de São Paulo.

 

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